Caríssimos:
Eis que este blog chega ao fim, melhor dizendo, eu não voltarei a escrever nele.
Cansei-me ao longo destes anos de trabalhar, tentar arquivar e publicar os meus trabalhos; cansei-me de incompetência, de sessões de aborrecimento por falta de qualidade, de ver gente sem valor controlar estas coisas. Já não tenho idade para mendigar o meu espaço, a publicação do meu trabalho ou assistir a coisas que não me agradam.
A minha poesia e o meu trabalho de desenho, pintura e instalação ficam muito bem nas minhas gavetas, a monte. Saio das feiras de vaidades, das sessões, dos blogs. Remeto-me ao silêncio.
Não deixarei de ser poeta, essa é escolha que não posso fazer; se pudesse, acreditem que nunca teria sido poeta...mas regresso a casa. Neste aspecto, compreendo cada vez melhor Herberto Hélder.
No silêncio, sou melhor.
luís
segunda-feira, 1 de junho de 2009
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Oração
Oremos
como Patxi Andion nos ensinou:
Pai Povo que estás na Terra
Elevados sejam os teus homens
Traguemos o teu reino
E seja feita a tua vontade
Assim na terra como no mar
O pão-nosso de cada dia
Seja ganho hoje
E perdoa-nos por termos nascido
Não permitas que perdoemos os nossos medos
E faz-nos cair na tentação da Liberdade
E livra-nos do mal da Solidão
Amen
(tradução livre de minha autoria das palavras ditas/cantadas por Patxi Andion no trecho musical Padre Pueblo)
Imagem: pintura da p. 156 do meu diário
quinta-feira, 7 de maio de 2009
do sono
sono, muito sono
nem as asas de um qualquer desespero
esperas, aguardas, submetes-te ao odor do frio
já tens medo da noite?
assistes ao parto do silêncio:
do sono perdeste a memória
o ranho do sonho explode longe
donde não podes ouvir sequer a sombra
não ouves
um bater de folhas
estranha fome a tua
luís nogueira
7 de Maio de 2009
quantas horas? despertas
as madrugadas que não voltamnem as asas de um qualquer desespero
teus nervos a sofrer um ataque
dissimuladoesperas, aguardas, submetes-te ao odor do frio
já tens medo da noite?
ao redor das colinas, nas sebes
o Outono sobe, rebeldeassistes ao parto do silêncio:
sei, algo morreu primeiro
do teu gemido já só sabes o gesto!do sono perdeste a memória
o ranho do sonho explode longe
donde não podes ouvir sequer a sombra
arromba
os trajes com que vestes o mundo que não existe escava
fundo, finda, funda alma cansa
cala
teu silêncionão ouves
um bater de folhas
a bofetada do vento
a rábula do tempo
incerto devoras as horas
vislumbras as raízes da madrugada sei, algo nasceu ao mesmo tempo
que a morte do sono teu
estranha fome a tua
tens a vaga
porque desejas o mar?
luís nogueira
7 de Maio de 2009
sábado, 18 de abril de 2009
Uma Sessão de Poesia
Daqui vêem-se as margens do rio dispersando saliva nos rumores da Ribeira e do Cais, trocando luzes entre os lados opostos, prateando as águas supostamente d’ouro; daqui é aquela ponte arqueada por onde circula vida, dum lado para o outro, dos centros para os lados; daqui ouvem-se viaturas sonolentas, buzinas silenciosas quanto baste; daqui absorve-se o espaço, entre duas goladas de cerveja gelada, um naco de bolo, dois espasmos de fumo pigarreado. É uma daquelas noites iguais a tantas outras e por isso mesmo, daquelas que não se perdem; nesta doce calmaria recorda-se.
A memória lembra-se do Dia Mundial da Poesia – ainda se juntam as pessoas por causa disso!- que por acaso foi uma noite na Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia. De memória sabemos que após entrarmos, à esquerda em frente à direita, sala 6: filas de cadeiras com gente, flores e telas pintadas de alguns dos presentes, uma mesa para receber com honra um grande poeta, Albano Martins. Escolha apropriada pela inquestionável grandeza da figura poética radicada em Gaia.
Ouvimos o poeta falar da poesia, de toda e da sua. Não cansou, aprendemos. Depois, as justas homenagens ao ilustre escritor tradutor poeta professor, lidas poesias e poemas, um violino. Quem fazia de árbitro disse: -Intervalo!
Já sabeis o caminho, regresso à entrada para um Porto de honra, de amena cavaqueira, reconhecimentos – ao tempo que certas pessoas não se reencontravam! - vai um biscoito, um sumo, um cálice, que vais ler a seguir? Sei lá!
À esquerda em frente à direita, sala 6: segunda parte, cantemos, recitemos, levantam-se uns, escondem-se outros, uns falam muito alto, outros muito baixo, alguns…não falam; acontece. Palmas, esperamos que para a poesia, sorrisos, surpresas, todas as sessões de poesia são assim; poucas ficam verdadeiramente na alma, muitas se perdem na prosa. Esta de que nos recordamos entre dois goles de cerveja apaixonados pelas margens do rio escorre suavemente, teima em resistir: é a homenagem que Albano Martins merece.
Haverá quem se tenha contentado com um abraço do poeta; existem ainda os que abraçaram a poesia do ilustre convidado. Esses, apenas esses, estiveram verdadeiramente lá e por isso mesmo conseguirão compreender esta ponte este rio estas margens que se avistam…daqui.
Luís Nogueira
11/4/2009
A memória lembra-se do Dia Mundial da Poesia – ainda se juntam as pessoas por causa disso!- que por acaso foi uma noite na Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia. De memória sabemos que após entrarmos, à esquerda em frente à direita, sala 6: filas de cadeiras com gente, flores e telas pintadas de alguns dos presentes, uma mesa para receber com honra um grande poeta, Albano Martins. Escolha apropriada pela inquestionável grandeza da figura poética radicada em Gaia.
Ouvimos o poeta falar da poesia, de toda e da sua. Não cansou, aprendemos. Depois, as justas homenagens ao ilustre escritor tradutor poeta professor, lidas poesias e poemas, um violino. Quem fazia de árbitro disse: -Intervalo!
Já sabeis o caminho, regresso à entrada para um Porto de honra, de amena cavaqueira, reconhecimentos – ao tempo que certas pessoas não se reencontravam! - vai um biscoito, um sumo, um cálice, que vais ler a seguir? Sei lá!
À esquerda em frente à direita, sala 6: segunda parte, cantemos, recitemos, levantam-se uns, escondem-se outros, uns falam muito alto, outros muito baixo, alguns…não falam; acontece. Palmas, esperamos que para a poesia, sorrisos, surpresas, todas as sessões de poesia são assim; poucas ficam verdadeiramente na alma, muitas se perdem na prosa. Esta de que nos recordamos entre dois goles de cerveja apaixonados pelas margens do rio escorre suavemente, teima em resistir: é a homenagem que Albano Martins merece.
Haverá quem se tenha contentado com um abraço do poeta; existem ainda os que abraçaram a poesia do ilustre convidado. Esses, apenas esses, estiveram verdadeiramente lá e por isso mesmo conseguirão compreender esta ponte este rio estas margens que se avistam…daqui.
Luís Nogueira
11/4/2009
segunda-feira, 30 de março de 2009
memória
memória
as manhãs tinham um hálito agradável, um odor a verde e a feno, terra húmida mas serena, impávidos insectos num repouso de folhas e caules e teimosas raízes que subiam árvores e muros e paredes onde viçosos musgos escondiam experiências, instintos e vidas trazidas por ventos brancos e alimentadas por chuvas sem branco. terra revolta, à margem dos canteiros floridos, feridas com sulcos de carruagens, rodas e flores, ouro de sol, prata de fios-d'-água, beijos de saudades, beijos-em-flor, pedras nuas expostas à luz, dispostas a tudo.
do mar se via a terra.
subíamos a ladeira descalça do monte, crepitando inocentes passadas rumo a um previsto e desejado desconhecido. haviam esperanças nas meninas e nos olhos, esbugalhados calhaus, saltitões quietos, palavras sem nome, gritos de silêncio em canto alto; desunidos ramos secos, pasmo espasmo de mãos agarradas à terra.
da terra se via o mar.
ondas, espuma, areia nos cabelos, seiva negra de tão pura sujidade. navios -quem os inventou?- traziam maresias com memórias de nevoeiros descobertos, gelos derretidos em fogo, quentes frios arrepios; infinita saliva.
arremessados paus, galhos de velas desfeitas galgavam margens de asfalto, botes de raiva afundavam águas onde nenhuma caravela nadara, nenhum incauto marinheiro guerreara; paraíso do peixe, sombra do risco, subterfúgio da alma. gaivotas a picar a pele do sonho, vistes?
sim, também nasciam ondas de cravos vermelhos de insuspeitas fontes, promessas de ventos em mudança, um riso sorriso nas palmas das mãos, armas floridas carregando costas nuas, bandeiras desfraldando a liberdade do vento; um rio de gente a caminho.
e o rio unia terra e mar.
***
vieram carros do combate, sem combater o futuro, arrasado o passado, vieram tantos e tantas, anónimas vozes e gritavam, expeliam o silêncio dos corajosos, repeliam a força à força de palavras como estas: que nojo vos turvara a mente?
que carinho nos transformou em gente?
ai!, quem souber desenhar almas que conte! que digam a verdade mentindo, mintam dizendo, enganem a memória, enterrem a história; o mundo vive para além disso. embrulhem as alegres lágrimas em sacos dos vossos lixos; rompidos, incessantemente rompidos, desaguarão os limites da imagem: recordação, tu nunca mentes!
que recordação vos magoou, ó gentes?
voltaram todos do monte, acorreram das serras e dos vales dos vossos sonhos, vieram voando em núvens de desejo, trouxeram a morte e o beijo, carregaram o espinho e a rosa, acordaram o trovão e a corda, redes, pescadores, rezes, fomes a cheirar ao pão; amassaram os caminhos, corpos pequeninos e passarinhos, abutres também: se a presa é oferecida que mais vos falta para a festa?
e depois do adeus, da solene despedida do morto anunciado, partíamos, ai!, suprema alegria voar o barro, dissipar o catarro, esticar o torpor, matar, sim, matar o ditador!
que morte vos mudou, gente?
sem medos, povos das selvas montes serras rios mares, para além do crime, dizei-me:
que falso carinho vos devolveu a crença?
***
nómadas do esquecimento.
sobre as águas do inferno lavais as lembranças e escolheis o fogo do paraíso para festejar o esquecimento com que suportais a vida: até quando? homéricos poemas à laia de discurso, palavreado belo do engano, mística de cómodo olhar, esbracejar da lassidão; como é breve o tempo que há-de vir, como inutilizastes a memória!
sedentários do nada!
acordávamos felizes. então, sempre que o mar nos trazia um naufrágio de esperanças, acorriamos às areias em busca do remoinho; agora, destruída a caixa de Pandora, afundais-vos em terra solta e das ondas fizestes sepulcros. e com cruzes desenhais madeira.
carpinteiros do artifício!
esquecestes as horas da boa-espera, as madrugadas a fio, as auroras da navalha. esquecestes igualmente as praias e as rochas e as maresias; seguis caranguejos a caminho da solidão. Narcisos sem rumo, espelhos falsificados, anúncios da desgraça.
construtores da armadilha!
longe, muito longe do que é aqui, resistem prados e versos: nem as rimas vos salvarão!
que fizestes das palavras?
***
arautos dizem esquecei! lembrai-vos sempre disso!
recuperai memória, criai história, fazei acontecer! tornai ao âmago das coisas, alimentai-vos do sopro, reconstrua-se a carne: não vos falo do verbo e muito menos do adjectivo, Vaidade! Falo-vos da oração completa: voltai a desenhar as letras...
LN, 30 Março 2009
as manhãs tinham um hálito agradável, um odor a verde e a feno, terra húmida mas serena, impávidos insectos num repouso de folhas e caules e teimosas raízes que subiam árvores e muros e paredes onde viçosos musgos escondiam experiências, instintos e vidas trazidas por ventos brancos e alimentadas por chuvas sem branco. terra revolta, à margem dos canteiros floridos, feridas com sulcos de carruagens, rodas e flores, ouro de sol, prata de fios-d'-água, beijos de saudades, beijos-em-flor, pedras nuas expostas à luz, dispostas a tudo.
do mar se via a terra.
subíamos a ladeira descalça do monte, crepitando inocentes passadas rumo a um previsto e desejado desconhecido. haviam esperanças nas meninas e nos olhos, esbugalhados calhaus, saltitões quietos, palavras sem nome, gritos de silêncio em canto alto; desunidos ramos secos, pasmo espasmo de mãos agarradas à terra.
da terra se via o mar.
ondas, espuma, areia nos cabelos, seiva negra de tão pura sujidade. navios -quem os inventou?- traziam maresias com memórias de nevoeiros descobertos, gelos derretidos em fogo, quentes frios arrepios; infinita saliva.
arremessados paus, galhos de velas desfeitas galgavam margens de asfalto, botes de raiva afundavam águas onde nenhuma caravela nadara, nenhum incauto marinheiro guerreara; paraíso do peixe, sombra do risco, subterfúgio da alma. gaivotas a picar a pele do sonho, vistes?
sim, também nasciam ondas de cravos vermelhos de insuspeitas fontes, promessas de ventos em mudança, um riso sorriso nas palmas das mãos, armas floridas carregando costas nuas, bandeiras desfraldando a liberdade do vento; um rio de gente a caminho.
e o rio unia terra e mar.
***
vieram carros do combate, sem combater o futuro, arrasado o passado, vieram tantos e tantas, anónimas vozes e gritavam, expeliam o silêncio dos corajosos, repeliam a força à força de palavras como estas: que nojo vos turvara a mente?
que carinho nos transformou em gente?
ai!, quem souber desenhar almas que conte! que digam a verdade mentindo, mintam dizendo, enganem a memória, enterrem a história; o mundo vive para além disso. embrulhem as alegres lágrimas em sacos dos vossos lixos; rompidos, incessantemente rompidos, desaguarão os limites da imagem: recordação, tu nunca mentes!
que recordação vos magoou, ó gentes?
voltaram todos do monte, acorreram das serras e dos vales dos vossos sonhos, vieram voando em núvens de desejo, trouxeram a morte e o beijo, carregaram o espinho e a rosa, acordaram o trovão e a corda, redes, pescadores, rezes, fomes a cheirar ao pão; amassaram os caminhos, corpos pequeninos e passarinhos, abutres também: se a presa é oferecida que mais vos falta para a festa?
e depois do adeus, da solene despedida do morto anunciado, partíamos, ai!, suprema alegria voar o barro, dissipar o catarro, esticar o torpor, matar, sim, matar o ditador!
que morte vos mudou, gente?
sem medos, povos das selvas montes serras rios mares, para além do crime, dizei-me:
que falso carinho vos devolveu a crença?
***
nómadas do esquecimento.
sobre as águas do inferno lavais as lembranças e escolheis o fogo do paraíso para festejar o esquecimento com que suportais a vida: até quando? homéricos poemas à laia de discurso, palavreado belo do engano, mística de cómodo olhar, esbracejar da lassidão; como é breve o tempo que há-de vir, como inutilizastes a memória!
sedentários do nada!
acordávamos felizes. então, sempre que o mar nos trazia um naufrágio de esperanças, acorriamos às areias em busca do remoinho; agora, destruída a caixa de Pandora, afundais-vos em terra solta e das ondas fizestes sepulcros. e com cruzes desenhais madeira.
carpinteiros do artifício!
esquecestes as horas da boa-espera, as madrugadas a fio, as auroras da navalha. esquecestes igualmente as praias e as rochas e as maresias; seguis caranguejos a caminho da solidão. Narcisos sem rumo, espelhos falsificados, anúncios da desgraça.
construtores da armadilha!
longe, muito longe do que é aqui, resistem prados e versos: nem as rimas vos salvarão!
que fizestes das palavras?
***
arautos dizem esquecei! lembrai-vos sempre disso!
recuperai memória, criai história, fazei acontecer! tornai ao âmago das coisas, alimentai-vos do sopro, reconstrua-se a carne: não vos falo do verbo e muito menos do adjectivo, Vaidade! Falo-vos da oração completa: voltai a desenhar as letras...
LN, 30 Março 2009
quarta-feira, 25 de março de 2009
A propósito dos 200 anos das Invasões Francesas
A HISTÓRIA DO “MOLETE”
Duzentos anos de vida.
Apresentado por inteiro ou aos “nacos”, todos nós o comemos e faz parte dos nossos hábitos alimentares diários, com mais ou menos sal, é o pão.
Há uma variedade imensa de tipos, uma das quais é o “papo-seco”, o qual cá por terras do Porto, é mais conhecido como “molete”.
Quem já não disse e ouviu dizer:
- “Ó Mãiee, dá-m’um molete” Tou co’fome!” – e como resposta – “Ó rapaz, bai à padaria e pede pra t’abiarem meia dúzia de moletes!”
Apesar de ser um vulgar tipo de pão, o molete pode orgulhar-se de ser o mais conhecido, embora a maior parte das pessoas que o comem, não saiba a sua história e o porquê de assim se chamar.
Como é do conhecimento geral, o Concelho de Valongo, no Porto, foi e é uma zona muito importante de panificação e moagem, como são exemplo disso os moinhos de água do Rio Ferreira, ainda existentes, e alguns recuperados. Para além disso, temos o “Pão de Valongo”, vulgarmente conhecido como Regueifa.
Aquando das Invasões Francesas, em 1809, as tropas invasoras estiveram estacionadas em Valongo, tendo nessa altura havido falta de cereais, pelo que houve necessidade de se fazer racionamento do pão.
A forma adoptada foi a de diminuir ao peso, reduzindo o tamanho do pão para metade.
Essa medida foi tomada pelo General francês que comandava as tropas invasoras, que dava pelo nome de Moulet.
Daí o povo ter baptizado aquele pão com o nome de “molete”, aproveitando o nome do General que “decretou” a diminuição ao peso e ao tamanho do pão, para dessa forma poder alimentar os seus soldados.
E é esta a história dum tipo de pão que é conhecido por papo seco, mas que cá pelo Porto, embora já a cair em desuso, lhe chamam “molete”.
eduardo roseira
Duzentos anos de vida.
Apresentado por inteiro ou aos “nacos”, todos nós o comemos e faz parte dos nossos hábitos alimentares diários, com mais ou menos sal, é o pão.
Há uma variedade imensa de tipos, uma das quais é o “papo-seco”, o qual cá por terras do Porto, é mais conhecido como “molete”.
Quem já não disse e ouviu dizer:
- “Ó Mãiee, dá-m’um molete” Tou co’fome!” – e como resposta – “Ó rapaz, bai à padaria e pede pra t’abiarem meia dúzia de moletes!”
Apesar de ser um vulgar tipo de pão, o molete pode orgulhar-se de ser o mais conhecido, embora a maior parte das pessoas que o comem, não saiba a sua história e o porquê de assim se chamar.
Como é do conhecimento geral, o Concelho de Valongo, no Porto, foi e é uma zona muito importante de panificação e moagem, como são exemplo disso os moinhos de água do Rio Ferreira, ainda existentes, e alguns recuperados. Para além disso, temos o “Pão de Valongo”, vulgarmente conhecido como Regueifa.
Aquando das Invasões Francesas, em 1809, as tropas invasoras estiveram estacionadas em Valongo, tendo nessa altura havido falta de cereais, pelo que houve necessidade de se fazer racionamento do pão.
A forma adoptada foi a de diminuir ao peso, reduzindo o tamanho do pão para metade.
Essa medida foi tomada pelo General francês que comandava as tropas invasoras, que dava pelo nome de Moulet.
Daí o povo ter baptizado aquele pão com o nome de “molete”, aproveitando o nome do General que “decretou” a diminuição ao peso e ao tamanho do pão, para dessa forma poder alimentar os seus soldados.
E é esta a história dum tipo de pão que é conhecido por papo seco, mas que cá pelo Porto, embora já a cair em desuso, lhe chamam “molete”.
eduardo roseira
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Valongo
uma velha casa...
A Filomena Fonseca
autora do livro de poesia
"Os Degraus da Casa"
uma velha casa
um degrau que rangia
as suas memórias.
era a poesia
a passar!
eduardo roseira
JF Bonfim-Porto
21-Março-2009
autora do livro de poesia
"Os Degraus da Casa"
uma velha casa
um degrau que rangia
as suas memórias.
era a poesia
a passar!
eduardo roseira
JF Bonfim-Porto
21-Março-2009
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